“As Corvas” é uma história de várias lutas e contradições, VIDA X MORTE, BELEZA X FEIURA, SONHO X REALIDADE, REPRESSÃO X LIBERDADE. Uma peça que aborda questões morais e de tabu, envolvendo o pecado, a salvação e a condenação.
O espetáculo estimula a reflexão sobre o mundo em que vivemos e sobre o teatro que se faz.
A Cia. Novo Ato caminhou numa pesquisa diária e exaustiva que contou com grandes mestres do teatro como inspiração, entre eles Jerzy Grotowski na preparação corporal e vocal dos atores, e ainda Tadeusz Kantor, J.Yung e principalmente o grande dramaturgo Nelson Rodrigues no suporte teórico para a criação e concepção do espetáculo “As Corvas”. Utilizando-se de vários recursos, a companhia preparou um trabalho que se baseia na experimentação viva das cenas.
Diana é uma linda menina que está numa idade de transição. Ela é filha de Osvaldo Fernando e de Dona Rosa. Muito mimada pelo pai, começa a desenvolver conturbações psíquicas e corporais. Todos os seus desejos são imediatamente atendidos e vivenciados pelo pai, que embarca completamente no seu jogo. Essas ações imagéticas se passam no quarto, que também se transforma em vários ambientes. Na sala está D. Rosa, a mãe de Diana que convoca a Arena Progressiva, uma organização meio religiosa, meio prostibular, comandada por Pomba e suas súditas Corva I e Corva II, para que tentem curar sua filha.
As Corvas, seres que não se sabe de fato o que são nem de onde vieram, possuem uma marca fruto de um ritual de iniciação que fizeram para adentrar na Arena. Elas são seres que nunca dormem para não sonhar. Corva I é a mais devotada e tem ciúmes de Corva II, mais recente na congregação e, no entanto, a mais elogiada por sua mestra, Pomba. Corva II odeia a marca que Pomba fez em seu rosto e se sente ressentida pela perda de sua beleza.
As cenas são intercaladas e se sucedem dinamicamente, ao mesmo tempo em que os fragmentos de cada uma delas vão se juntando numa espécie de quebra-cabeça para o público que, ao final do espetáculo, tem condições de juntar as peças e construir seu próprio juízo de valor sobre as ações das conflituosas personagens.
Diana tem enorme ciúme da mãe com o pai, mostrando uma personalidade quase doentia. A relação de Osvaldo e Dona Rosa é diretamente influenciada pelos problemas da menina. D. Rosa se sente rejeitada pelo marido e, assim, faz de tudo para recuperar o amor dele, mesmo que seus atos prejudiquem sua filha.
Pomba e as Corvas podem ver o estado terrível de Diana através de uma janela que leva até o quarto da menina. Esse quarto, que por vezes é um bordel, contamina também a imaculada sala de D. Rosa ao levar uma atmosfera, uns cheiros e sons vistos como pecaminosos pela congregação de Pomba.
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