segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O que se falar


10 de fevereiro de 2012
Relato de impressões [1º]: As corvas, reflexões que não se calam [nunca].

            O que se falar, ou se escrever ao argumentar sobre a construção do Espetáculo “As Corvas”? O que se esperar, quais as resultantes que surgirão? O que será esperado de você enquanto ator? Como compreender a proposta da companhia e veiculá-la a constituição do espetáculo? Quais são as vontades em relação à construção da personagem? Os quereres... Ah! Bruta flor do querer [...] A construção imagética, sonora? Como aprimorarmos enquanto pessoas? Como lidar, ou seja, assimilar os conceitos e passá-los a estrutura da consciência?
Como? O que? Qual [...] e assim estabelecer uma inter-relação entre todas as partes supracitadas e as não percebidas, a fim de construir um todo harmônico.
            Neste contexto é desta forma que inicio esta reflexão sobre o espetáculo As corvas, com muitas indagações [que possuo a convicção que durante o processo algumas serão respondidas, outras serão esquecidas, muitas ficarão sem respostas, e outras nem mesmo serão percebidas] e que não me importo em necessariamente encontrar uma resolução, pois quando argumentamos de arte estamos a adentrar um universo subjetivo [volátil] da mais profunda contradição.
            Este espetáculo lida com aspectos salientes em nossa sociedade goiana e também mundial, como: a relação familiar; a pedofilia; a homossexualidade; a mudança existencial, social, política, filosófica e religiosa dos indivíduos, realçando a mobilidade do metamorfosear das pessoas de acordo com suas necessidades singulares ou muitas das vezes exigidas pela esfera social; os ritos religiosos; os estereótipos; o jogo, compreendendo como uma dinâmica [vir a ser] estabelecida pelos indivíduos a favor de ganhos; a fragilidade, debilidade biológica, como vivencial manifestada nos personagens, dentre tantos outros subconjuntos que se mostram ao decorrer do mesmo.
Que são [aspectos] abordados muitas das vezes de forma cômica pela escritora Marília Ribeiro, entretanto seriamente manuseados, o não texto que está sempre presente na forma em que a autora resolveu abordar sua obra; as cenas descritas de maneira não usuais, sendo uma quebra da temporalidade comum, acabam por confundir o entendimento do leitor; ainda acrescenta-se a ausência de características [particulares e substanciais] concernentes aos personagens, manifestadas na linguagem das mesmas, que traz uma linearidade continua [pleonasmo] as suas falas [ e me questiono a autora possui esta percepção? Sendo  que  a minha impressão seja que não]; mas essa especificidade ao mesmo instante trouxe uma psicológica interessante a concepção totalitária deste espetáculo, uma vez que os personagens estão encaixados como bonecas russas [se não me engano a nacionalidade], onde dentro de uma boneca tem outra e assim sucessivamente, traços de um mesmo indivíduo, várias personalidades em um mesmo recipiente [indivíduo].
O ator se distorce ao momento que se depara com estas possibilidades [...] e construir a personagem se torna tarefa mais árdua, entendendo este personagem como soma constitutiva de partes figurativas [geométricas, concretas] e não [em algumas situações o entre pontyniano]. E somar esta variável a proposta da companhia que é Expressionista, torna ainda um pouco mais complexo até para aqueles que gostam, pois aqui temos o quesito desconstrução que se manifesta, desta forma para atingir o ápice da criação deste personagem se torna um processo mais solitário do que parece.
Assim percebe-se o tão complexa é a proposta deste espetáculo, devendo ser manejada de forma criteriosa, para que não se perca em uma dimensão de sentidos, imagens, conceitos, técnicas [...] que não se encaixem, que fiquem superficiais e pouco elaborados.
E isso é [...] sem nos lembrarmos de aspectos como o cenário, a maquilagem, figurino, sonoplastia, projeções [...] estou inicialmente argumentando somente das prováveis ideologias do espetáculo e da construção das personagens pelos atores, entretanto isto é assunto para outras reflexões.
*E mesmo quando não quero pensar,
a inércia parece um sonho distante para mim.
A reflexão adentra como a escuridão em que os corvos habitam,
Muito real, igualmente a ausência de luz existente em partes de minha alma. (12-02-2012)
Dedico esta poesia [de José Arnaldo Pereira, sem nome] a todos integrantes da Cia. Novo Ato que tantos momentos me proporcionaram, sorrisos e que [até o momento] me inspiram.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ator José Arnaldo em momento de criação


O ator de 19 anos, José Arnaldo Pereira, da Companhia de Teatro Novo Ato, fez um improviso enquanto o grupo se reunia na tarde de 8 de fevereiro, na Casa das Artes, para ensaiar  o espetáculo As Corvas, de Marília Ribeiro.

Enquanto os atores Luiz Cláudio e Lívia Santin passavam uma de suas cenas, José Arnaldo, inspirado pelas possibilidades de criação de figurino, criou movimentações que à primeira vista parecem ensaiadas e elaboradas.

O resultado de sua performance pode ser visto no pequeno vídeo acima, gravado através de celular por Yasmim Pessoa, também atriz do processo.

A música foi adicionada na edição do vídeo. Ela foi retirada do site http://freemusicarchive.org, um endereço que disponibiliza músicas sob a autorização de seus artistas.


Viagens. Figurativamente.

José Arnaldo, Pomba, experimentando alguns figurinos. Atrás, Luiz Claúdio e a nova atriz, Lívia, ensaiando algumas cenas ao lado de nossos bonecos.




Michelly Santana experimentando corpo, figurino e máscara de sua personagem, Corva II.


As Galochas que serão usadas no espetáculo.

Pés de José Arnaldo, Yasmim Pessoa e Michelly Santana em suas galochas.

Bonecos de galochas.




Pés de Yasmim Pessoa, que interpretará Corva I.

José Arnaldo como Pomba.

Michelly Santana como Corva II.


Cia Novo Ato na Casa das Artes experimentando e ensaiando para a peça As Corvas, de Marília Ribeiro.